O aliciamento de adolescentes no Piauí tem aumentado as apreensões por atos infracionais. Entenda os fatores: vulnerabilidade social e a busca pela “vida fácil”.

Até 17 de agosto de 2025, 323 adolescentes foram apreendidos no Piauí por atos infracionais análogos a crimes, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI). No ano inteiro de 2024, foram registradas 373 apreensões, o que mostra um aumento significativo já nos primeiros oito meses deste ano.
Autoridades de segurança e especialistas em projetos sociais destacam que esse crescimento está diretamente ligado ao aliciamento de jovens por facções criminosas. O fenômeno, porém, não se explica apenas pela vulnerabilidade social.
Um exemplo recente que expôs a gravidade da situação foi o assassinato do atleta Alex Mariano Nascimento Moura, de 16 anos, morto a tiros em 14 de agosto dentro da escola onde estudava, na Zona Sul de Teresina. A Polícia Civil do Piauí investiga o caso e aponta que o crime pode estar ligado à disputa entre grupos criminosos rivais.

Entre a vulnerabilidade e a ilusão da “vida fácil”
De acordo com especialistas, parte dos adolescentes acaba sendo cooptada por facções em razão da fragilidade social e familiar, marcada por pobreza, abandono escolar e falta de perspectivas. Esses jovens encontram nas facções uma falsa rede de apoio, que muitas vezes substitui a ausência do Estado.
Por outro lado, também existe o fator da sedução pela “vida fácil”: promessas de dinheiro rápido, status, poder e reconhecimento entre os pares. Facções criminosas exploram esse desejo de ascensão imediata, atraindo jovens que veem no crime uma alternativa aparentemente mais rápida para conquistar bens de consumo ou respeito dentro da comunidade.
Desafio para a sociedade e autoridades
O aumento das apreensões mostra que o problema exige mais do que apenas repressão policial. Especialistas defendem que, além do combate às facções, é necessário investir em políticas públicas de educação, cultura, esporte e geração de renda voltadas a adolescentes e famílias em situação de risco.
Para a Secretaria de Segurança Pública, o enfrentamento ao aliciamento juvenil passa pela integração entre ações policiais e sociais. “É preciso quebrar o ciclo de sedução e vulnerabilidade que faz com que tantos jovens sejam atraídos para o crime”, reforçam autoridades ligadas ao setor.